O chileno Valdivia vai viver uma emoção diferente nesta terça-feira. Ídolo das torcidas de Palmeiras e Colo Colo (CHI), o jogador está com o coração dividido para a partida de terça, no Palestra Itália, pela Libertadores.
Em entrevista ao LANCENET! por telefone, Valdivia falou sobre a partida e também sobre o clássico do dia 8, contra o Corinthians. Para ele, o Verdão está “deitando” na temporada de 2009. Confira a entrevista com o Mago:
LANCENET!: Palmeiras e Colo Colo jogam hoje, pela Libertadores. Está com o seu coração dividido?
Valdivia: São os dois times onde conquistei os dois únicos títulos da carreira. Fiz muitas amizades nos dois. Levo eles no meu coração.
L!: Alguém te ligou para pedir algumas dicas sobre o adversário?
V.: Eu falei com o Bruno, goleiro do Palmeiras, esses dias. Ele perguntou sobre o Colo Colo, a gente brincou, mas não falei muito. Estou há um tempão fora da internet.
L!:Uma de suas metas era disputar a Libertadores. Está arrependido de ter saído do Palmeiras?
V.: Sempre que tive a oportunidade de disputar a Libertadores, nunca joguei, porque sempre ia embora antes de começar o torneio. Mas não me arrependo. Desejo de todo coração que o Palmeiras possa conquistar a Libertadores. Tenho mais amigos no Palmeiras do que no Colo Colo. Não fico triste por não estar disputando. Tenho certeza de que vou disputar até o fim da carreira.
L!: Tem visto o Palmeiras? O que está achando das atuações do time?
V.: O Palmeiras está deitando no Campeonato Paulista. No começo, recebeu críticas. Mas, até agora, não perdeu na competição. Ganhou do Santos fácil. Tomara que possa conquistar o Paulista, Brasileiro e a Libertadores. O Palmeiras está deitando no Brasil. Já vi alguns jogos do São Paulo, do Corinthians, do Santos e não vejo equipe que possa tirar o caneco do Palmeiras.
L!: Domingo, o Palmeiras enfrenta o Corinthians, no Campeonato Paulista. Quais lembranças você tem o clássico? Ano passado, marcou o gol da vitória...
V.: Guardo as melhores lembranças daquele jogo. Foi meu primeiro gol em clássico. Nosso torcedor queria muito que a gente ganhasse aquele jogo pelo fato de o Corinthians estar na Segunda Divisão. Foi importante pelo gol, pela vitória. Confio na equipe. Não vejo time que possa ganhar do Palmeiras. Empatar pode até empatar, mas ganhar, não.
L!: Você guarda alguma mágoa do técnico Vanderlei Luxemburgo?
V.: Ouvi muitas pessoas falando que ele permitiu a minha saída. Ou até que foi ele quem disse que eu tinha de sair. Mas não sei se isso realmente é verdade. Eu fico um pouco magoado, sim, pelo fato de não terem brigado muito pela minha permanência. Mas futebol é assim, a vida continua. Fico agradecido pelas pessoas que me ajudaram. O próprio Vanderlei, o Caio (Júnior), as pessoas do clube... Foi o Palmeiras que me deu a oportunidade de ser ainda mais conhecido. Se foi ele ou não quem pediu a minha saída, isso não me interessa. Isso é passado. Algum dia, tenho certeza de que vou voltar para o Palmeiras.
L!: Atualmente, do que você sente mais falta do Palmeiras?
V.: Não tenho do que reclamar do clube (Al-Ain). É muito bom. Mas as pessoas não convivem muito como faz o brasileiro. A alegria, a paixão pelo futebol, os campos lotados, as amizades... As pessoas são tranquilas, mais reservadas. Mas estou muito bem aqui, é agradável, não me preocupo com muita coisa. Tenho mais tempo livre, vou ao cinema. No Brasil, passava muito tempo concentrado. Aqui, não.
L!: Nos Emirados Árabes, as pessoas te reconhecem na rua?
V.: Conhecem. A gente mora em Al-Ain, uma cidade pequena, que só tem esse clube. Mas a paixão é totalmente diferente do Brasil.
L!: O que pensa para o futuro?
V.: Fiz um contrato de quatro anos aqui. Tenho treinado duro para me manter em forma. Cada vez que eu jogar pela seleção, as pessoas vão me olhar. Agora, mais do que nunca, porque a seleção está muito bem. Quem sabe, algum dia voltar à Europa... Mas pelo que as pessoas estão me dando aqui, eu fico grato.
L!: Quando você estava no Palmeiras, contra quem a rivalidade era maior: São Paulo ou Corinthians?
V.: Os dois têm uma importância muito grande. Mas, pelo que eu pude ver de perto, falando de torcida, acho que era o Corinthians. Mas a rivalidade entre as diretorias de São Paulo e Palmeiras era muito maior. Para mim, os dois clássicos são importantes, sempre.
L!: Mas contra o São Paulo, algum diretor chegava em você e cobrava a vitória a qualquer custo?
V.: Depois do que aconteceu no negócio do gás de pimenta, a relação entre as diretorias ficou nervosa. Mas nunca nenhum diretor veio falar para mim “Vamos lá ganhar do São Paulo” ou alguma coisa parecida.
L!: Já são dois anos sem o Palmeiras levar gols e perder para o Corinthians. Com a contratação de Ronaldo, a freguesia vai acabar ?
V.: Primeiro, ninguém sabe se Ronaldo está pronto para jogar. Ele não jogou até agora. Acho que não é o momento certo estrear em um jogo tão grande. Ele está sem ritmo, sem saber o que significa jogar esse clássico. Tudo bem que ele tem experiência, mas um clássico como este tem de ter um pouco mais de tudo. Se ele jogar, tenho certeza de que ele não vai fazer gol, porque o Palmeiras tem o melhor goleiro do Brasil, que é o Marcão. E, se o Marcão não jogar, tem o Bruno, que eu conheço e confio muito. Sei que o Fenômeno não vai fazer gol. E tenho certeza de que o Palmeiras vai ganhar de novo do Corinthians.
L!: Quais eram seus melhores amigos no Palmeiras? O que você guarda do Paulistão de 2008?
V.: Eu tinha muitos amigos. Martinez, Alex Mineiro, Pierre, Diego Cavalieri, Marcão... A lembrança do Paulista foi o título, marcar gol em clássico, eliminar o São Paulo na semifinal... Não é sempre que se elimina o São Paulo numa semifinal, com o Palestra lotado. Ainda mais depois de tudo o que ocorreu: o gol de mão do Adriano, o que falavam... Foi muita coisa boa. Fazer gol nesse clássico, fazer cinco na Ponte (na final)... E o que o Marcos falou antes de entrar em campo na final... São coisas que nunca vou esquecer.
L!: Antes de você sair do Palmeiras, você foi procurado pelo São Paulo? Você jogaria nos rivais?
V.: Ninguém do São Paulo me ligou. Se tivesse alguém para me ligar, seria o Marco Aurélio Cunha (superintendente de futebol). Sempre que a gente se encontrava, ele falava que gostava de mim, do meu futebol, me aconselhava... Mas ele e nem ninguém do São Paulo nunca me ligou, nem me procurou. Isso não passa de um boato. É difícil falar se algum dia vou jogar no São Paulo ou no Corinthians. Me sinto muito identificado com o Palmeiras, sinto um carinho pelo clube e pela torcida. Ganhar o coração de outro torcedor não seria problema.
L!: Quem pode ser o novo Mago do Palmeiras? E onde encerraria a carreira: no Palmeiras ou Colo Colo?
V.: Falar quem pode ser o novo ídolo do Palmeiras é difícil, porque não estou no dia-a-dia do clube. Sei que o Keirrison é o cara. Sei que dentro de campo tem muitos feras. Keirrison, Diego Souza, Marcos, Edmílson, Pierre, Cleiton Xavier...
L!: Onde você encerraria a carreira: no Palmeiras ou Colo Colo?
V.: Acredito que algum dia voltarei a vestir a camisa palmeirense, mas não para encerrar a carreira e sim para fazer o meu melhor, lutar por títulos. O Palaia dizia que eu era o cara e todos iam ao estádio para ver o Mago. Acredito que vou voltar para encerrar uma história linda, que deixei aberta. Quando saí, deixei uma carta dizendo que voltaria algum dia para encerrar a minha carreira no clube.
L!: Qual seu palpite para o jogo desta terça e para o clássico?
V.: Seis pontos!
L!: E o placar?
V.: Pelo o que eu vi na imprensa chilena, o Colo Colo está em um mau momento. A torcida está xingando os jogadores, que estão pressionados. Já o Palmeiras está numa boa com a torcida, ganhando. Vai ser difícil aguentar a pressão da torcida e dos jogadores. O Palmeiras ganha, talvez 2 a 0 ou 3 a 1. Já no Palmeiras contra Corinthians, não sei. Clássico é clássico. Se der 1 a 0, já está bom.
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Mesmo nos Emirados Árabes, o chileno Valdivia não deixa de acompanhar notícias relacionadas ao Brasil e ao futebol brasileiro. Mas o Palmeiras não é o único interesse do Mago. O antigo camisa 10 do Verdão também acompanha a evolução do atacante Ronaldo, no Corinthians.
- Sempre entro na internet e me informo das notícias do Brasil. Todo mundo está com esperanças de que ele jogue o clássico. Até agora, não jogou ainda. É difícil não ouvir ou olhar algum jornal que não fale do Fenômeno. Ele é conhecido em todo o mundo. Qualquer notícia sobre ele, sai na Itália, na Espanha e aqui também - afirmou o chileno ao LANCENET!.
Principal jogador do Palmeiras nas duas últimas temporadas, Valdivia já tinha comentado sobre o camisa 9 do arquirrival. Para o chileno, Ronaldo não vai conseguir marcar algum gol caso enfrente o Verdão no clássico, dia 8.
- Se ele jogar, tenho certeza de que ele não vai fazer gol, porque o Palmeiras tem o melhor goleiro do Brasil, que é o Marcão. E, se o Marcão não jogar, tem o Bruno, que eu conheço e confio muito. Sei que o Fenômeno não vai fazer gol. E tenho certeza de que o Palmeiras vai ganhar de novo do Corinthians - declarou o Mago.
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